PRÓLOGO


O Brasil vem ganhando importância no cenário mundial, já somos a sexta economia do planeta (acabamos de ultrapassar a Inglaterra), somos autoridade no assunto biodiesel , a nossa energia é predominantemente limpa (?), e por ai vai. Mas, então, o que acontece com as nossas cidades? Fora as raríssimas exceções, somos uma vergonha nas questões de transporte público, espaços públicos, segurança, saúde, saneamento básico e o fato de insistirmos com uma política habitacional de mais de 40 anos que já se provou equivocada. Como sabemos, Manaus não foge a regra.

Mas tudo tem um começo...


SÉC. XVII, EUROPA




Metade do século XVII, começava um dos momentos mais importantes da história da humanidade. Uma grave crise econômica tomava conta da Europa, os preços das mercadorias baixaram drásticamente, manufaturas eram fechadas, a fome tomava conta do povo trabalhador, o Mar Mediterrâneo perdeu espaço para o Atlântico, ficando responsável apenas pelo mercado de matéria-primas. Eram os últimos suspiros do Feudalismo.

Na Inglaterra o Estado Absolutista, opressor, viu o seu fim. A burguesia e boa parte da população perdeu a paciência. Depois de uma guerra civil e algumas reviravoltas no cenário político o Estado estava nas mãos da burguesia. Em 1688, Guilherme de Orange, que fora apioado pelos burgueses, tomou posse. A Revolução Gloriosa veio confirmar a Revolução Burguesa.

O Estado, que vivia para sustentar a nobreza, passou a apoiar a burguesia. Esta que estava nadando em dinheiro graças a pirataria, colonização, mercado de escravos, guerras de conquistas e exploração dos trabalhadores. Governo na mão e dinheiro no bolso, era o que os burgueses precisavam para investir nas industrias. Surgia o embrião do capitalismo industrial.


Faltava apenas um ingrediente naquele bolo: a mão-de-obra. No século XIX boa parte da populção estava no campo, estes alugavam um espaço dentro das grandes propriedades, mas com o avanço do capitalismo sobre a agricultura, os latifundiários estavam ampliando sua produção agrária, o que resultou na expulsão de muitas famílias componesas. Sendo obrigadas a se mudar para as cidades a procura de oportunidade (familiar a história, não?). Pelo menos estavam livres, certo?

Livres para escolher entre morrer de fome e aceitar emprego nas fábricas recebendo um baixíssimo salário. Nascia assim o proletariado, trabalhadores livres e assalariados. Neste período a Grã-Bretanha passava por um crescimento demográfico (passou de 6,9 milhões, em 1701, para 14,2 milhões de habitantes em 1821), ajudado também pela diminuição da taxa de mortalidade.

Ladies and gentleman, a Revolução Industrial.

Com o Estado na mão da burguesia não tinha como dar errado. Obras públicas eram feitas para facilitar a vida da indústria, foram construidas estradas, ferrovias (a locomotiva é uma das estrelas da revolução) e canais de navegação. Para evitar as fábricas os burgueses se mudaram para a periferia, onde viviam em vilas de luxo. Enquanto os prédios históricos abandonados foram passados para o proletariado, e seus jardins foram transformados em novas construções. Alguns espertos passaram a construir para esta nova classe social, eles faziam casas pequenas e geminadas, utilizando os piores materias possíveis. O pacote ainda contava com ruas estreitas e falta de saneamento.

O resto é consequência. Com o aumento da população, agora assalariada, e o mercado externo crescendo (América Latina e Ásia), as industrias foram estimuladas. No século XIX a Revolução Industrial chegou a França e Alemanha. Em menor escala, no norte da Itália, Bélgica e Holanda. O Japão já contava com industrias e os Estados Unidos superou os ingleses logo no início do século XX. No Brasil, só depois mesmo.

Burgueses mais ricos e o proletariado livre e miserável.


Mas paciência tem limite.

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